EMPRESÁRIOS BRASILEIROS E AMERICANOS SE MOBILIZAM CONTRA SOBRETAXA DOS EUA
Dificuldade em redirecionar mercadorias, queda nas vendas e risco de demissões preocupam empresas ligadas ao mercado americano

Divulgação/Internet
Indústrias brasileiras, em parceria com empresários norte-americanos, articulam uma ação conjunta para pressionar o governo de Donald Trump a rever as tarifas impostas sobre produtos do Brasil. A iniciativa integra uma missão internacional organizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que levou uma comitiva aos Estados Unidos nesta semana.
A delegação conta com dirigentes das federações das indústrias de Minas Gerais (FIEMG), Paraná (FIEP), Paraíba (FIEPB), Rio de Janeiro (FIRJAN), Rio Grande do Norte (FIERN), Santa Catarina (FIESC), Goiás (FIEG) e São Paulo (FIESP).
Segundo o presidente da FIEMG, Flávio Roscoe, a união entre os setores industriais dos dois países abre espaço para o diálogo e para a construção de uma saída negociada. “Queremos que os governos se sentem à mesa e encontrem uma solução equilibrada”, afirmou.
A missão da CNI reuniu cerca de 80 empresários brasileiros e 50 norte-americanos em encontros realizados em Washington nos últimos dois dias. O objetivo é fortalecer a cooperação privada entre os países e influenciar diretamente as negociações oficiais. Para Roscoe, “o esforço conjunto cria uma sinergia capaz de mobilizar forças políticas e econômicas em favor de ambos os lados”.
O presidente da FIEG, André Rocha, destacou que as conversas buscam reduzir as tarifas ou ampliar a lista de produtos isentos da sobretaxa. “Estamos em tratativas diretas com a Câmara de Comércio Americana para avançar nessas exceções”, explicou.
Evitar impactos políticos
O presidente da CNI, Ricardo Alban, ressaltou que a comitiva também atua para blindar as relações comerciais de disputas políticas.
“Queremos garantir uma mesa de negociação baseada em critérios técnicos, econômicos e comerciais, deixando em segundo plano embates de ordem política ou geopolítica”, disse.
Contexto da sobretaxa
As tarifas, que chegam a 50% sobre importações brasileiras, foram adotadas pelos Estados Unidos em medidas que, segundo autoridades brasileiras, têm forte caráter político. Washington chegou a classificar o Brasil como “ameaça incomum e extraordinária” à sua segurança nacional — o mesmo status dado a países como Cuba, Venezuela e Irã.
Paralelamente, a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República investigam a suposta atuação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, atualmente nos EUA, em apoio às sanções contra o Brasil.
Reação do governo brasileiro
Para mitigar os efeitos da sobretaxa na economia, o governo federal lançou, no último dia 13, o Plano Brasil Soberano, anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O pacote prevê crédito facilitado, reforço em fundos garantidores e estímulos às exportações.
Entre as medidas estão:
- R$ 30 bilhões do Fundo Garantidor de Exportações para financiar operações com juros reduzidos;
- R$ 4,5 bilhões em aportes adicionais a fundos garantidores;
- R$ 5 bilhões destinados ao Novo Reintegra, programa que devolve parte dos tributos pagos na exportação.
Empresas com maior dependência do mercado norte-americano terão prioridade no acesso aos recursos, com linhas de crédito vinculadas à manutenção de empregos.