LULA DEFENDE O MERCOSUL, E MILEI CRITICA O BLOCO DURANTE A CÚPULA NA ARGENTINA
O Brasil assumiu oficialmente, nesta quinta-feira (3), a presidência rotativa do Mercosul, posição que ocupará até o fim de 2025. A transição de liderança aconteceu durante a 66ª Cúpula de Chefes de Estado do bloco, realizada em Buenos Aires, na Argentina

Brasil fica na presidência do bloco por seis meses, pelas regras do Mercosul

O Brasil assumiu oficialmente, nesta quinta-feira (3), a presidência rotativa do Mercosul, posição que ocupará até o fim de 2025. A transição de liderança aconteceu durante a 66ª Cúpula de Chefes de Estado do bloco, realizada em Buenos Aires, na Argentina. Na ocasião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou as prioridades do país à frente do grupo.
Entre os principais objetivos, Lula enfatizou o fortalecimento do comércio regional e externo, com destaque para os setores automotivo e açucareiro, que devem ser incorporados à união aduaneira do Mercosul. O presidente também defendeu a conclusão de tratados com a União Europeia e a EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio), o que poderia resultar na criação da maior zona de livre comércio do mundo.
Apesar do interesse mútuo, o acordo com a União Europeia ainda enfrenta resistência, especialmente da França, que teme prejuízos ao setor agrícola local. Lula ponderou que medidas protecionistas dos Estados Unidos podem acabar incentivando os europeus a avançarem nas negociações com o Mercosul.
Por outro lado, as tratativas com a EFTA, formada por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça — estão mais adiantadas. De acordo com o Itamaraty, o pacto poderá integrar um mercado de 300 milhões de consumidores e somar um PIB de mais de US$ 4,3 trilhões.
Outros países também estão no radar do bloco sul-americano para acordos comerciais, como Canadá, Emirados Árabes Unidos, Panamá e República Dominicana.
Mercosul de olho na Ásia
Durante seu discurso, Lula ressaltou que, após as negociações com a Europa, o próximo passo é voltar a atenção para o continente asiático.
É hora de o Mercosul mirar a Ásia, que é hoje o motor da economia global. Podemos ampliar nossa presença nas cadeias de valor com uma maior aproximação de países como Japão, China, Coreia do Sul, Índia, Vietnã e Indonésia — afirmou.
Ele defendeu que os países do bloco invistam na industrialização local de minerais estratégicos, promovendo transferência de tecnologia, geração de empregos e renda. Lula também propôs a criação de centros regionais de processamento de dados, como medida de soberania digital.
Divergências com Milei
Antes de assumir o comando do bloco, Lula afirmou que fazer parte do Mercosul fortalece e protege seus integrantes, citando como exemplo a tarifa externa comum, que blinda os países de disputas comerciais internacionais. Segundo ele, a institucionalidade do bloco confere credibilidade nas relações com o mundo.
A fala veio em meio a críticas do presidente argentino Javier Milei, que voltou a apontar o Mercosul como um obstáculo ao desenvolvimento dos países-membros.
Se a ideia inicial do Mercosul era promover a integração regional, esse objetivo se perdeu ao longo do tempo, e a ação conjunta passou a favorecer apenas alguns setores em detrimento da maioria da população, declarou Milei, comparando o bloco a uma “cortina de ferro”.