PESQUISA REVELA CRESCIMENTO DE 13,5% NAS MORTES NO TRÂNSITO NA ÚLTIMA DÉCADA
O Brasil registrou 34,8 mil mortes no trânsito em 2023, segundo o Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número representa um leve aumento em relação a 2022 e reforça a tendência de alta que se mantém desde 2019. Pela primeira vez, o relatório inclui dados específicos sobre a violência no sistema de transportes.

Atlas da Violência aponta aumento nos acidentes com motos, que já representam quase 40% das mortes no trânsito

O Brasil registrou 34,8 mil mortes no trânsito em 2023, segundo o Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número representa um leve aumento em relação a 2022 e reforça a tendência de alta que se mantém desde 2019. Pela primeira vez, o relatório inclui dados específicos sobre a violência no sistema de transportes.
O estudo aponta que os acidentes com motocicletas são os principais responsáveis pelo cenário preocupante, representando cerca de 40% das mortes no trânsito. Em 30 anos, o número de vítimas fatais em acidentes com motos cresceu mais de dez vezes no país.
Em termos proporcionais, os estados com os piores índices foram Tocantins, Mato Grosso e Piauí. No Piauí, por exemplo, 69,4% das mortes no trânsito ocorreram em acidentes com motos, a maior taxa do Brasil. Em sete estados — seis no Nordeste e um no Norte —, mais da metade dos óbitos no trânsito envolvem motocicletas.
Problema de saúde pública
O relatório classifica a situação como um grave problema de saúde pública. Em 2023, o Brasil também registrou 45.747 assassinatos, número que se aproxima perigosamente das mortes causadas por acidentes de trânsito.
Segundo o pesquisador do Ipea Erivelton Pires Guedes, autor do capítulo sobre violência no trânsito, a maioria das vítimas em acidentes com motocicletas são jovens negros, que atuam como entregadores ou mototaxistas. Ele alerta para a urgência de medidas simples, como a redução dos limites de velocidade nas cidades, que podem ter impacto direto na preservação de vidas.
Década de ação e resultados negativos
A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o período de 2010 a 2020 como a Década de Ação pela Segurança no Trânsito, com o objetivo de reduzir em 50% as mortes viárias no mundo. Embora o planeta tenha conseguido uma redução de 5%, o Brasil foi na contramão, com um aumento de 2,3% nas taxas de mortalidade. Entre 2010 e 2019, foram 392 mil mortes no trânsito no país — um crescimento de 13,5% em números absolutos em comparação à década anterior.
O pico das mortes em acidentes com moto foi registrado em 2014, com cerca de 13 mil óbitos. Após uma leve queda entre 2014 e 2019, atribuída em parte à crise econômica, os números voltaram a crescer a partir de 2020, com exceção dos dois anos mais intensos da pandemia. Desde então, o crescimento da frota de motocicletas contribui para a retomada da curva ascendente.
De acordo com o relatório, o aumento do número de motos no Brasil não foi acompanhado por investimentos proporcionais em infraestrutura e gestão do trânsito, o que agrava ainda mais o problema.
Avanços e retrocessos por estado
Entre 2018 e 2023, 17 estados brasileiros apresentaram aumento nas taxas de mortalidade no trânsito, enquanto 10 conseguiram reduzir os índices. As maiores reduções ocorreram no Rio Grande do Norte (-23,5%), Distrito Federal (-16,1%) e Ceará (-15,8%). Por outro lado, os maiores aumentos foram registrados em Rondônia (+40,2%), Bahia (+27,3%) e Amapá (+24,4%).
Tendência de alta continua
Embora o Atlas da Violência 2025 não traga dados de 2024 e 2025, informações mais recentes apontam que a tendência de alta permanece. Em fevereiro de 2024, o estado de São Paulo registrou o maior número de mortes de motociclistas para esse mês desde 2015. Já no Rio de Janeiro, três a cada quatro acidentes atendidos pelo Corpo de Bombeiros envolveram motocicletas.
O cenário reforça a necessidade de políticas públicas urgentes e eficazes para enfrentar um problema que já rivaliza com os números da violência intencional no país.
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